sexta-feira, 20 de junho de 2008

ELEGIA...

Que quer o vento?
A cada instante
Este lamento
Passa na porta
Dizendo: abre...

Vento que assusta
Nas horas frias
Na noite feia,
Vindo de longe,
Das ermas praias.

Andam de ronda
Nesse violento
Longo queixume,
As invisíveis
Bocas dos mortos.

Também um dia,
Estando eu morto,
Virei queixar-me
Na tua porta
Virei no vento
Mas não de inverno,
Nas horas frias
Das noites feias.

Virei no vento
Da primavera.
Em tua boca
Serei carícia,
Cheiro de flores
Que estão lá fora
Na noite quente.

Virei no vento...
Direi: acorda...


RIBEIRO COUTO

2 comentários:

Canephora disse...

E se redopiando o vento, amigo,
souber do meu lamento
certamente passará e de alguma forma me aliviará.

Olá, vejo que isto está a funcionar bem agora... gostei da imagem do blog... mas isso é uma das coisas que gosto aqui, a tua escolha de imagens.

Bjo

Canephora disse...

Anna:
a importância do conteudo está naquilo que sentes e como sentes, por escrever.
Estive numa formação sobre escrita, e embora não tenha muito a ver, o conselho que a formadora deu foi, escrevam, mesmo que não se lembrem o quê, ou porquê... sempre que escrevemos, alguma coisa fica dito... de nós ou não.
E parece que é o que fazes aqui... escreves... e isso é bom... mesmo que sejam sentimentos tristes... escrever é como abrir uma janela do mundo, não imprta se para entrarmos ou se para sairmos.

BEIJOS... E CONTINUA A ESCREVER