sábado, 5 de julho de 2008

SILÊNCIO!...

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...


Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!


Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!


Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...



Florbela Espanca.

2 comentários:

Canephora disse...

Bonito, como muitos dos poemas dela.
Pena que fosse tão deprimida..
mas é muito bonito.

É de noite
que sentido a presença da lua, minha confidente
espreito à janela e contando as estrelas lembro quantos sorrisos teus me deste
e escuto...
fico à espera que no silêncio da noite
os passos que ouço,
não sejam apenas o meu coração que bate de saudade.


com carinho

I'ERA disse...

Como é bom ler-te!
Como escreves e sentes!
Entre paz e compreensão aqui estou ao teu lado!
Beijinho